Apesar da sua padroeira, a grande devoção do povo da freguesia é dedicada a Nossa Senhora do Campo, cuja imagem se encontra na capela do mesmo nome, situada num pequeno outeiro que se levanta no centro da freguesia e foi mandada construir por Manuel José Ayres, do Trigal, no ano de 1792.
Segundo nos conta António de Almeida Brandão, que foi secretário da Junta de Freguesia de Rôssas, vereador, vice-presidente e presidente da Câmara Municipal de Arouca, fundador e presidente da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Lacticínios, gerente do ex-Grémio da Lavoura de Arouca e fundador da Feira das Colheitas, no seu livro de Memórias editado pelo Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões da Universidade Nova de Lisboa e prefaciado prof. dr. Moisés Espirito Santo, “em tempos já distantes foi a região de Arouca fustigada por violentos temporais, que assolaram as culturas e não permitiam que as terras produzissem seus frutos.
“Chuvas torrenciais faziam transbordar rios e barrocos, mês após mês, inundando todos os campos, e os frios intensíssimos, queimavam as plantas que nada produziam.
“ A fome batia já à porta de muitos lares e a situação apresentava-se aflitiva, pois nem os próprios animais escaparam às funestas consequências desta calamidade, que durou anos.
“Foi então que os crentes no poder de Nossa Senhora, se prostraram a seus pés, com o coração alanceado pela dor, e Lhe rogaram com muita fé e devoção, que os libertasse deste flagelo. Ao mesmo tempo fizeram o voto de Lhe dedicar uma capela e consagrar uma imagem, sob o glorioso título de Nossa Senhora do Campo, prometendo mais, fazer-Lhe uma festa no segundo Domingo de Agosto e distribuir abundantes esmolas pelos mais necessitados.”
É assim que ainda hoje, no segundo domingo de Agosto de cada ano e em cumprimento da promessa então feita e que a lenda consagra, sai da capela de Nossa Senhora do Campo, que sucedeu ao pequeno templo primitivo, uma majestosa procissão, em que se incorporam as bandas de música, o povo canta em coro:
Em tempos que já lá vão,
Oxalá não voltem mais,
No vale faltou o pão,
Crescido em nosso trigais.
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Nossa Senhora do Campo,
Dai-nos frutos, dai-nos pão;
E do vale aos seus flancos
Escutai nossa oração.
Terra de emigrantes, a festa em honra de Nossa Senhora do Campo reúne, todos os anos, as famílias dispersas pelos mais diversos quadrantes e constitui uma referência cultural e religiosa importante na vida da comunidade.
Mas Rossas, além da Igreja matriz e da capela de Nossa Senhora do Campo, Santa Ana, Santo António e Espírito Santo, conhecida apenas por Nossa Senhora do Campo, possui ainda a capela da Senhora do Rosário, São Domingos e Santa Bárbara, no lugar de Zendo, conhecida por Nossa Senhora do Rosário, construída nos anos trinta por iniciativa do padre Luís de Almeida Aguiar, que paroquiou a freguesia de 1911 a 1946, e substituiu a primitiva, erguida na mesma encosta, mas a uma altitude superior, de S. João em Provizende e da capela do Senhor da Agonia em Sequeiros.